Otorrinolaringologia

Zumbidos

É um som percebido pelo individuo sem uma fonte externa que o produza. Essa percepção esta relacionada com o aumento dos impulsos elétricos que a via auditiva envia ao córtex cerebral, geralmente como conseqüência de uma perda auditiva.
O barulho (zumbido) percebido pelo individuo  pode ser referido como um chiado, apito, barulho de chuveiro, de cachoeira, de concha, de cigarra, do escape da panela de pressão, de campainha, do esvoaçar de um inseto, de pulsação do coração, etc. Pode ser de forma contínua ou intermitente, mono ou politonal.
Aproximadamente 17% da população mundial pode apresenta zumbido e grande  maioria  das pessoas relata o zumbido apenas como um incomodo, outros dizem que certas funções como o sono e a concentração estão prejudicadas. Em sua forma severa, que corresponde a cerca de 20% dos casos o zumbido causa sofrimento. É a queixa principal e frequentemente dramática na consulta médica. Em geral são pessoas acometidas também por outros transtornos, principalmente os de natureza psiquiátrica. O grau de desconforto, intolerância ou incapacidade quase sempre não estão relacionados com o grau de intensidade do zumbido. Os transtornos de humor (depressão, distimia) e ansiedade, frequentemente presentes, exercem fortes influências no agravamento do sintoma zumbido.
Muitas causas de zumbido são conhecidas sendo que algumas são fáceis de identificar e tratar:
a) Otológicas: cera no conduto auditivo , otites, exposição a ruído, presbiacusia, labirintopatias.
b) Metabólicas : diabete, alterações nas taxas de trígliceridios e hormônios tireoideanos.
c) Cardiovasculares: anemia, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca.
d) Neurológicas: doenças neurológicas (esclerose múltipla), traumatismo de crânio, sequelas de infecções neurológicas (meningite).
e) Farmacológicas: o American Physician’s Desk Reference lista mais de 70 medicamentos que podem ocasionar zumbido, entre eles: ácido acetilsalisílico (aspirina), anti-inflamatórios, certos antibióticos e alguns antidepressivos.
f) Odontológicas : disfunção da articulação temporomandibular (ATM) e do aparelho mastigador.
g) Vícios e maus hábitos alimentares: excesso de cafeína, álcool e fumo, sal, doces e gorduras.
h) Psicológicas: ansiedade, distimia e depressão podem estar envolvidas com zumbido. Muitas vezes é difícil diferenciar o que é causa ou consequência.
i) Zumbidos gerados por estruturas próximas ao sistema auditivo:são causadas por alterações nos vasos arteriais ou venosos, nos músculos ou na tuba auditiva. São divididos em vasculares (pulsáteis) e musculares (clipes). As principais causas são os tumores vasculares, as malformações vasculares, as contrações rápidas (involuntárias, rítmicas) de um ou vários grupos musculares.
A avaliação do paciente  com queixa de zumbido deve começar pela  historia clinica do paciente que deve ser  o primeiro e o mais importante passo no diagnóstico. O tipo de zumbido, a maneira como é relatado, o desconforto que produz podem ser informações úteis na avaliação, sugerindo as prováveis causas de cada caso. Após o exame físico, o médico solicita exames complementares: audiológicos, eletrofisiológicos, laboratoriais e de imagem, de acordo com cada caso.
As informações obtidas da história e dos exames poderão determinar o diagnóstico etiológico (causa). Sabendo-se a causa aumenta a possibilidade de obter melhores resultados, pois vai ser possível tratar de modo específico a doença da qual o zumbido é apenas um sintoma. É claro que isso nem sempre é possível, mas com certeza as chances serão bem melhores do que ficar pensando “zumbido é tudo igual... é muito difícil..., não tem cura... não há nada que se possa fazer...”.
Alguns casos de zumbido têm cura, enquanto outros casos são controláveis. Há o estigma de que o “zumbido não tem cura”. A maioria dos pacientes e profissionais acabam desanimando, sem que a possibilidade de cura seja avaliada. Tentar tratar, mesmo na incerteza, nunca é errado.
Se a causa do zumbido for determinada e tratável, a solução é mais simples. Porém se não é possível atuar na origem do problema, existem outros caminhos para amenizar o ruído.
Tranqüilizar o paciente: Dizer que o zumbido não é uma ameaça para a saúde. Assegurar que dificilmente vai piorar, pelo contrario, a tendência é melhorar. Incentivar a prática de medidas que promovem qualidade de vida: alimentação regrada, atividade física regular e equilíbrio emocional. Palavras esclarecedoras e confortantes visam o desaparecimento da reação ao zumbido e a perda de sentimentos negativos associados.
Correções de vícios e hábitos alimentares: não fumar, ingerir cafeína e álcool moderadamente, evitar sal em excesso, doces e gorduras.
Medicamentos: vasodilatadores diretos, reguladores de fluxo sangüíneo, anticonvulsivantes, ansioliticos, antidepressivos, bloqueadores de canais de cálcio.
Terapia de habituação: é uma terapia comportamental um retreinamento das vias auditivas (Tinnitus Retraining Therapy – TRT). Consiste de dois princípios básicos:
1. Orientação especifica através de conversas, palestras, reuniões, trocas de experiência.
2. Enriquecimento sonoro para evitar o silêncio que pode ser feito com:
a)Sons ambientais de formas diversas;
b)Aparelhos auditivos para amplificar os sons ambientais quando o paciente apresenta perda auditiva; a amplificação dos sons ambientais vai encobrir o zumbido.
c)Geradores de som de banda larga para mascarar o zumbido, adaptados nos dois ouvidos . Baseia-se no principio de que um som externo é bem mais tolerado do que o zumbido.
A TRT é um tratamento longo (12 a 18 meses) que objetiva a diminuição da percepção do zumbido através do desaparecimento de reação ao incômodo e a perda de sentimentos negativos associados.
Acupuntura, hipnose:podem ser opções interessantes para alguns pacientes.
Estimulação magnética transcraniana: consiste em aplicar, em sessões repetidas, estimulação magnética de alta potência em certas regiões do cérebro.
Estimulação elétrica da via auditiva: um eletrodo é introduzido na cóclea para estimular as estruturas neurosensoriais das vias auditivas.